Erick Mullan.

-Entra e sai temporadas e eu noto um 'desequilíbrio' gritante na moda masculina quando comparada à feminina que me faz questionar porque falamos/aproveitamos tão pouco ela, e mais(...) porque valorizamos tão pouco nossos Modelos Masculinos?
Tendo isso em mente fiz contato o Modelo Erick Mullan, que com seus 1,86 de altura e sob os cuidados da ELO Management, foi pela segunda vez consecutiva recordista de desfiles durante a recém findada SPFW n44, estando em 2° lugar com 6 desfiles para marcas respeitadas, como Amir Slama, João Pimenta, Lino Villaventura e Samuel Cirnansk.
Erick é certamente um de nossos Modelos com grande tendência ao topo, extremamente simpático e educado o rapaz demonstra em nossa entrevista muita dedicação e respeito pela Moda, itens necessários para solidificar uma carreira longeva e próspera. Natural de São Bernardo Do Campo-SP,  modela há 2 anos, e além do já citado ele estampa editoriais para GQ e Made In Brazil, publicações fortes.

Erick por Henrique Falci.

Logo abaixo um bate-papo com o Modelo que além dele, nos fala também um pouco sobre suas percepções da Moda Masc. acompanhe:

*Erick, vou começar nossa entrevista diferente do que costumo fazer. Tu foi um dos meninos que mais desfilaram na ultima edição do SPFW n44, estando em segundo lugar com 6 desfiles. Como tu vê o atual cenário da Moda masculina? Em sua visão existem déficits, se sim quais?


A meu ver, a Moda masculina está em uma fase de crise, eu diria até que normal para uma desestabilidade nacional que o Brasil está passando, mas creio que há como atenuar as consequências dessa crise. Um déficit que eu vejo é que grande parte da qualidade do mercado de moda é do modelo, apesar que muitos não veem dessa forma, este mercado pertence aos modelos também, e nós precisamos fazer parte disso estudando moda e melhorando nosso profissionalismo. Que esperar do mercado se os modelos que trabalham nele não dão valor?


*Por outro lado a Moda exerce grande influência sobre a sociedade, de forma positiva, ao seu ver quais benefícios esse mercado nos oferece?


Tenho visto a Moda mudar muita coisa, principalmente fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, ainda assim é necessário mais imersão do público masculino neste mercado, dando opção ao homem brasileiro de diversas formas de se vestir, de se expressar e de se apresentar. Pra mim roupa diz muito sobre personalidade, é quase que indissociável isso. Creio que por trás de toda roupa, tem uma intenção.


*Como você se prepara para a alta temporada? Consegue nos falar um pouco sobre seus cuidados com o corpo?


Antes das temporadas, faço uma visita aos meus parceiros (nutrólogo, personal, cabelereiro) para examinar detalhes que possam ser melhorados. Dependendo do feedback, me dedico com afinco naquilo que mais se exige, seja emagrecer, seja cuidar da pele. Claro que ser modelo não é apenas em pré-temporada, cuidar-se diariamente é uma exigência profissional, já
que a beleza é a expectativa que os clientes possuem. Logo, alguns hábitos eu tive que construir ao longo do caminho: tomar banho de água fria, utilizar protetor solar frequentemente, malhar todo dia, dormir bem e por aí vai.


*Ainda sobre preparação, como você se adéqua ao trabalho que vai executar, digo, como tu busca atender às expectativas do cliente?


Como por trás de todo cliente há um empresário, todo empreendedor tem um conceito, uma ideia perfeita sobre determinado produto, e o cliente de moda tem uma visão ideal sobre a roupa dele; tento de todas as formas possíveis me encaixar nessa realidade, suprir as expectativas impostas sobre a roupa, me tornar aquilo que ele quer que eu me torne.

*E o que mais lhe agrada em sua profissão?


A possibilidade de conhecer diversos países; é realmente uma oportunidade única na qual se bem aproveitada lhe trará bons frutos como aprender idiomas, conhecer culturas bem diferentes, presenciar lugares distintos, etc.

*Embora não tão falado nosso mercado masculino é bem rico, quais marcas mais lhe chamam a atenção e porque?


Eu particularmente gosto muito do mercado masculino brasileiro, me identifico com muitas marcas daqui como Lino Villaventura, Ratier, João Pimenta e entre outros.


*Com que estilo tu mais se identifica e quais suas peças favoritas?


O estilo que mais me agrada é de roupas minimalistas, o preto ou o branco pra mim são insubstituíveis, de vez em quando coloco uma cor para quebrar a monotonia. As peças que mais gosto são coturnos e botas, uma vez ou outra fico à procura de um belo coturno.


*Quando não está modelando como passa o tempo?


A maior parte do tempo estudando, sou uma pessoa caseira, gosto de tocar meu piano, ler meus livros, cantar na igreja. Quando saio é pra visitar um amigo, ir pro teatro ou cinema. Visitar livrarias é um grande hobbie meu também.


*Um sonho de consumo profissional?


Tenho um grande desejo de desfilar pra Balmain, gosto muito dos desfiles do Olivier, tanto do conceito quanto da energia da passarela.

O insta dele é: @erickmullan

SPFW n44 para João Pimenta.

Casa de Criadores para Ale Brito.

Para Made In Brazil.

Cindy Reis.

A carioca de 19 anos acaba de estrear nas passarelas da SPFW, nesta edição n44 e fez bonito em sua primeira temporada, contabilizando 8 desfiles para marcas conceituadas no mercado nacional!
Cindy que é representada pela JOY Model, já estampou também Editorial para a Revista Ela do Jornal o Globo além de outros trabalhos.

-Em nossa entrevista exclusiva, demos ênfase à falta de representatividade de Modelos negros, embora nossa etnia seja muito mais diversa-necessitamos tocar mais nessa 'ferida'  aproveitar melhor a nossa rica pluralidade de raças-que por sinal é linda; acompanhe abaixo:

*Cindy como e quando você começou a modelar? Era esse seu sonho?

Aos 13 anos comecei a me interessar pelo mundo da moda, fazendo alguns ensaios e desfiles na minha cidade natal - Barra do Piraí.

Com 15 anos, participei de uma convenção de modelos. Na ocasião, algumas agências demonstraram interesse por mim, e acabei escolhendo a JOY Model.

Passaram-se cinco anos e muito já aconteceu. Mas, como dizem: “O melhor ainda está por vir”.

Sempre sonhei em ser modelo, porque acredito que seja algo mais do que um trabalho: é um jeito de fazer sonhar ou viver um momento mágico.

*Como foi sua adaptação neste mercado, uma vez que predomina a ditadura da beleza caucasiana?

O começo é difícil. A aceitação do mercado leva um tempo, e a concorrência é enorme. Sempre procurei manter o foco e não desistir.

Agora entrei em um novo momento. Estou extremamente grata por tudo o que tem acontecido e continuarei batalhando para conseguir meu espaço e representatividade para nós negros.

*Tu sente ou já sentiu dificuldade/resistência do mercado por conta da sua etnia? Como lida com isso?

Nos últimos tempos eu senti mais aceitação, em geral, porém sabemos que é um processo lento.

Tento lidar com isso da forma mais didática possível, ou seja, procuro mostrar que todos temos capacidades e talentos, independente de raça, orientação sexual ou qualquer outro desses detalhes.

*Sabemos que nosso país é incrivelmente rico culturalmente, e temos profissionais fantásticos nas mais diversas esferas da Arte, e na Moda, entretanto somos carentes de diversidade, mesmo com os constantes debates. Qual a sua visão sobre isso? O que na tua visão essa falta de representatividade gera de ruim para nossa sociedade?

Vivemos em um país rico de recursos, de profissionais capazes e de gente bonita - em todas as formas que a beleza possa se apresentar.

Porém ainda se prioriza um Brasil elitista, europeu.

Quando há uma tentativa de fazer algo mais representativo para a cultura negra, esta tentativa perde força. O espaço é dado sempre aos mesmos. É preciso renovar, de forma plena, integrando etnias, tipos, gêneros e toda a diversidade nos castings.

Essa falta de representatividade faz com que a sociedade siga uma certa padronização. Vemos isso de forma clara nos salões: cheios de cachos sendo alisados.

Precisamos modificar o nosso jeito de apreciar a diversidade, sobretudo em um país tão miscigenado quanto o Brasil. Só assim vamos viver de forma mais coerente, apreciando de fato as diferenças entre nós.

*Você é representada pela JOY Model em SP, a agência com casting mais diversificado, além de ser uma das maiores nacionalmente; qual sua expectativa para o futuro, metas e desejos, relacionados à sua profissão?

Eu quero crescer profissionalmente e ser reconhecida pelo meu trabalho. Quero trabalhar com os melhores profissionais e pretendo aproveitar cada passo, para aprender o máximo possível.

Eu gostaria de trabalhar em Milão, Paris e Londres, mas também em lugares mais exóticos, como Tóquio ou Seul.

*Nesta temporada você teve um bom desempenho levando em consideração o grande número de Modelos que são apresentados nos castings, podemos dizer que você supriu suas expectativas? Pra ti qual a importância de estar representando no maior evento de Moda no país?

Eu me surpreendi com o resultado! Fiquei extremamente feliz por levar representatividade para a passarela do maior evento de moda do país.

Tenho muito agradecer à agência JOY Model pela oportunidade.

Amei também ver um SPFW mais diversificado. Foi o meu primeiro e foi inesquecível.

Estar presente neste evento significa muito para mim. Torço para que seja somente a primeira de várias outras participações.

*Saindo um pouco do papo sério, o que a Cindy faz nos tempos livres?

Eu amo a natureza, então sempre que posso fujo para um espaço verde. No Rio de Janeiro, eu morava perto da Floresta da Tijuca. Amo aquele lugar e sempre faço trilhas. No verão, aproveito até as cachoeiras. Aqui em São Paulo, moro perto do Parque Ibirapuera, então pelo menos três vezes por semana eu estou lá correndo ou fazendo um piquenique.

Gosto também de ler livros, estudar inglês (em um curso da agência JOY).

Também adoro filmes e seriados.

*Como mantém as medidas? É adepta de tratamentos estéticos, dietas e/ou exercícios?

Eu não faço dietas, mas cuido muito bem da minha alimentação.

Meus cuidados estéticos são fazer exercícios com regularidade.

*Quais características fazem de ti uma boa profissional?

Eu sou muito fácil de lidar. Gosto de escutar a equipe nos trabalhos, e procuro ser sempre educada e pontual. Acho que isso faz a diferença em qualquer profissão.

*O trabalho dos sonhos?

É difícil dizer. Tantos trabalhos são sonhos.

Gostaria de trabalhar com as grandes grifes do mercado: Chanel, Gucci, Prada e Victoria's Secret.

O insta dela é: @iamcindyreis

-Falar de Moda para o Ditadura é muito mais que citar tendências, defendemos ideais e um DNA muito próprio, acreditamos que nosso mercado é incrível, com profissionais incríveis que fazem da nossa Moda um sonho, e escrever esse texto tem para mim um grande valor, pois como nossa Cindy cita acima, no Brasil predomina esse elitismo europeu-algo desnecessário-pois temos tanta cultura a oferecer e torço para que nosso mercado aproveite o que temos de melhor!

Att Rafa Carvalho.