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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Gabrielle Di Pierro.

 Gabrielle é uma dessas pessoas que a simples lembrança nos acalanta, ela tem uma presença cativante, energia alta e uma empolgação ímpar, ela é memorável!

Em 2017 ela foi destaque aqui no DF, e há algumas semanas quando a convidei para falar novamente, o convite foi aceito de imediato; fora poder ver quanto alguém pode crescer e evoluir na carreira de modelo, para mim em especial, foi importante tentar entender como estes lidaram com o período adverso em que nos encontramos, Gabi era a pessoa certa, e seu portfólio carregados de nomes de respeito como as revistas Glamour e Vogue bem como inúmeros desfiles no SPFW, PFW entre outros trabalhos em que a modelo figura nos trazem um pouco mais para perto desta realidade, acompanhe abaixo:

Backstage SPFWn52.



*Gabi, nossa primeira pauta foi em 2017, tu seguia como uma das garotas em destaque, de la pra cá muitos altos e baixos e incertezas tomaram conta dos dias de todo o mundo, como foi esse período turbulento de Covid e como tu lidou com as novas formas de socializar, digo, dentro e fora dos sets?

Infelizmente, surgiu esse vírus chamado COVID, graças à Deus, eu estava no Brasil junto da minha família, quando tudo começou. Eu tinha acabado de entrar na Mega Models em março, quando a pandemia começou.

À princípio, eu achava que ia durar pouco tempo e que logo ia voltar a viajar, quando me vi no Brasil, há 3 meses já, sem esperança das fronteiras abrirem e sem trabalhar no próprio Brasil, então surtei.  Eu mandava mensagem quase todos os dias para o meu booker perguntando se eu ia voltar a viajar, apenas para ouvir ele dizer “sim”, mesmo que eu soubesse a resposta. Minha socialização era totalmente fora dos sets. No começo da pandemia, quando tudo era incerto, não tinham sets, pelo menos não para mim e pela segurança da minha família, preferi não trabalhar. Então no começo, era socializar com minha família, meu primo Fernando que mora no meu prédio, com amigos pelo celular, afastada de qualquer trabalho.

Até que surgiu a ideia de fazer o shooting pelo FaceTime, e o Anderson (fotógrafo e amigo meu) me convidou para fazer um shooting, foi a primeira vez que fiz fotos assim, ele na casa dele, eu na minha, e tudo através de nossos celulares, logo surgiu mais uma oportunidade, por um fotógrafo da Turquia, fizemos um editorial para uma revista de lá e a experiência foi tão legal, que eu e o Anderson repetimos as fotos. Esse foi o jeito de nos reinventarmos. Até que também surgiram convites, para fazer fotos pessoalmente, como do Gabriel Bertoncel, que hoje é meu atual namorado, acabamos não fazendo o shooting, porque pra mim ainda era um momento incerto de encontrar com pessoas fora de casa. Então depois de um tempo, surgiu o meu primeiro editorial, após ter ficado alguns meses em casa, fui com a condição de todos ficarem de máscara. A pandemia começou à melhorar tecnicamente e trabalhos começaram cada vez mais aparecerem, todos de máscaras, menos os modelos, sempre com teste de covid em dia, tudo muito bem organizado para nossa saúde e está sendo assim desde então.

Espero de todo coração, que as coisas melhorem cada vez mais.

  

*A gente viu todo o mercado se readequar para seguir vivo dentro do possível, quais foram as maiores dificuldades em atender clientes, realizar trabalhos e tudo mais?

A maior dificuldade é que eu como modelo, não posso ficar de máscara no trabalho e na grande parte deles, muitas pessoas que deveriam portar máscara, preservando tanto minha saúde quanto a delas, não a utilizavam.

Em uma ocasião, tive que ouvir que tal pessoa que estava no estúdio sem máscara, tinha saído para festa clandestina e isso deixava bem claro a falta de respeito.

A moda, tentou fazer um projeto de enviar as roupas em casa, e nós modelos fazermos as fotos por celular. Minha agência até pediu que eu enviasse fotos, das partes que eu achava bonita da minha casa para o cliente ver. Porém minha casa é pequena, não tinha espaço para isso. E mais, eu achei péssimo esse modo de se reinventar, porque além de fazer meu papel de modelo, eu tinha que fazer papel de fotógrafa, maquiadora, cabelereira, diretora de arte, stylist… confusão total, tanto que não deu certo e não foi para frente. 

*Modelos estão sempre no centro do mercado, onde tudo acontece e lidando com todos os profissionais da cadeia, como era o clima nos bastidores? Na agencia? Na vida dos modelos em geral?

 Tava todo mundo surtando. Agentes surtando porque não tinham trabalhos rolando, modelos brigando com agência, porque não tinham trabalhos, logo, não tinham dinheiro, tanto modelo quanto fotógrafo, maquiador, Stylist, todo mundo em um surto coletivo de “socorro, precisamos de Job”.   Modelos também surtando porque queriam viajar e não podiam, outros surtando porque queriam voltar para casa… nossa! foi um caos!!

*Pulando para os dias de hoje, a gente vê a moda tentando dar passos mais largos, inclusive tivemos a primeira edição do SPFW presencial em algum tempo, e tu desfilou qual era a energia que circulava no backstage? Como tu se sentiu estando mais uma vez no evento?

A energia era de alegria, todos estavam felizes de estarem voltando a participar  presencialmente de um evento como a SPFW.

A SPFW teve o cuidado de assegurar a saúde de todos, pedindo o comprovante de vacinação, exame médico, e fazendo teste de COVID em todos.

Sinceramente, eu quase chorei ao entrar na passarela kkkkkkkkkkkk juro! Tive que segurar as lágrimas! Parecia que era meu primeiro desfile, afinal, depois de tanto tempo né, foi diferente.

Fiquei emocionada ao voltar a desfilar e também porque nem era para eu estar lá, foi um convite pessoal do Lino, se não fosse por ele não teria desfilado nessa edição e também porque acho que foi meu último desfile na SPFW, então aproveitei cada segundo naquela passarela, cada passada foi especial, fui com firmeza e leveza, amo o que eu faço. 

*Depois que nos falamos em 2017, você ficou um tempo fora certo? Onde esteve e o que fez?

 Essa pergunta é muito especial para mim, a resposta vai ser muito extensa, porque fiz muitas coisas. Eu estou escrevendo isso, com lágrimas nos olhos, porque conheci tantas pessoas e tantos lugares, estou com tanta saudades disso tudo, não só das pessoas e dos lugares, mas do ato em si, de conhecer, aprender, ver, sentir, dançar na balada de Milão, de Paris, na praia de Phiphi… de conhecer brasileiros perdidos comigo em Marrocos, às vezes achamos que a nossa vida é simples né? Mas se pararmos para pensar, caramba ela não é!!!

Eu estive por muitos países e cidades diferentes, vou falar um pouco de cada um.

Começaremos com Milão, meu voo de São Paulo para Marrocos, que era minha conexão, atrasou, então, eu e outros brasileiros perdemos o voo, foi uma oportunidade de fazer amigos e conhecer Casa Blanca por um dia. Eu até comi um caramujo, foi caramujo, foi uma bela experiência. Cheguei em Milão finalmente, no começo quando estava indo para lá pensei que fosse ficar sozinha e aí então, conheci a Bruna, Pedro, Aline e Bianca…. Entre outros amigos, fiz uma família lá. Trabalhei muito, estive quatro semanas em Verona à trabalho para a Trussardi, inclusive amei a equipe. Estive muito tempo nos ateliês da Moncler, que é um dos meus clientes fixos. Amo minhas agências, Elite de Milão e minha Mother agency, Time Models, que foram as que me acolheram em Milão.

Após três meses trabalhando, deixei a Itália e segui para a Turquia. Nossa foi doideira!!! Eu amei cada segundo lá! Foi uma viagem incrível e ao mesmo tempo terrível, conheci tantos lugares além de Istambul, fiz muitos amigos turcos e brasileiros.

Tive alguns problemas pessoais que lidei sozinha no final da viagem, com isso engordei 11 quilos, então ao invés de voltar para Itália, eu voltei para Brasil pois necessitava emagrecer, para poder retornar à Itália.

Ao retornar para Milão, trabalhei muito e viajei para muitos lugares dentro da Itália, vi neve pela primeira vez na minha vida, foi muito especial, tenho lembranças incríveis dessa viagem, como andar de patinete elétrico por Milão às 2 horas da manhã com minha amiga e depois comer uma pizza maravilhosa no turco perto de casa, ou viajar para o lago Di Garda, voltar destruída no mesmo dia, de biquini por baixo de uma roupa mixuruca e ainda comer beber vinho de graça em um restaurante muito fino... que vida boaaa cara!! Hahaha.

 Seguimos então para Kuala Lumpur, Malásia. Fiz alguns amigos, mas fiquei a maior parte da viagem sozinha, foi terrível, se sentir sozinha e fazer absolutamente tudo sozinha é cruel. Eu não gostei da viagem, o que salvou foi uma viagem de 5 dias em Phiphi de férias com minha comer beber vinho de graça em um restaurante muito fino... que vida boaaa cara!! Hahaha.
 Seguimos então para Kuala Lumpur, Malásia. Fiz alguns amigos, mas fiquei a maior parte da viagem sozinha, foi terrível, se sentir sozinha e fazer absolutamente tudo sozinha é cruel. Eu não gostei da viagem, o que salvou foi uma viagem de 5 dias em Phiphi de férias com minhaStephanie, foi a melhor viagem da minha vida.

Eu lembro de ter dançado até minhas pernas não aguentarem mais,  roubei uma concha em um mergulho no fundo do mar, conheci uma balada que a música tocava por um fone de ouvido e foi uma das melhores baladas da minha vida, fiquei acordada uma noite inteira, vi o sol nascer na ilha mais linda do mundo, foi tão especial que não sei explicar, só tenho vontade de chorar escrevendo esse texto.  

Voltei para Malásia, um mês depois já estava mandando mensagem pro meu Booker, pedindo resgate imediato.

Fui salva depois de 2 meses, amém! Finalmente, voltei para Itália, estava emocionada, limpava as lágrimas com meus lindos euros.

Quando cheguei, era quase natal, estava tudo tão lindo, uma árvore na frente da Duomo, pistas de gelo espalhadas pela cidade, tudo enfeitado, chocolate quente, biscoitos, muita pasta e pizza, caramba eu estava no paraíso outra vez.

Fui fazer snowboarding pela primeira vez e me saí muito bem, mas levei vários tombos, brinquei de guerra de neve, fiz um boneco, e tomei uma bebida quente de ovo, que era uma delícia por sinal! Chegou a hora de voltar para a família, após um ano fora.

 Voltei para o Brasil ainda no natal.

Ficou combinado que voltaria para Milão em março… mas infelizmente a pandemia veio e isso não aconteceu. E

Estou até agora aqui, esperando resgate imediato kkkkkkk. Brincadeirinha. No meio da pandemia voltei a pintar, me trouxe vida, tudo o que eu precisava naquele momento de ansiedade, e sabe eu sou boa nisso, pelo menos eu amo minhas pinturas kkkk tenho ciúmes delas.

Passou 2020, eu do nada, em uma bela noite decidi começar uma faculdade, fiz o vestibular e passei, no fluxo da vida comecei uma faculdade de arquitetura, estava sem trabalhar, surtando, ansiosa, pintar já não bastava mais, precisava ocupar meu tempo, fazer algo de novo, e foi maravilhoso, fiz maquetes, tive a ajuda do melhor arquiteto e professor de arquitetura do mundo, vulgo meu pai, surtei quando tirei 3 na prova que mais estudei, mas gritei quando vi 8 e 9 em quase todo o boletim, top hahaha. Agora, terminei o primeiro ano. Amo arquitetura, mas o que eu sempre quis fazer era moda, então estou trocando de curso, começarei moda na santa Marcelina em 2022, e posso dizer que estou muito empolgada, mas espero que eu tenha que trancar o curso para viajar, afinal ainda estou aguardando meu resgate kkk.  

*Retornando ao Brasil depois desta temporada fora, vale dizer que seu passe aumentou?

 Acho que diminuiu kkkkkkkkkkkkk, mas continuo fazendo dinheiro.

*falando de moda sob outra perspectiva, eu sei que você é bem estilosa, seu estilo pessoal mudou de 2017 pra cá? Você é do time das mudanças consideráveis?

Nossa, sim!! Com toda a certeza meu estilo mudou, sou do time de mudanças consideráveis, mas agora sinto que estou me encontrando mais, ainda me lembro da primeira vez que entrei na Allure, camisa de oncinha e um shorts preto de couro kkkkk eu estava bem brega coitada. logo meus bookers foram me ensinando a me vestir.

Em paris senti que tinha um estilo muito legal, a cidade me inspirava, mas a agência de lá também ajudou muito.

Em Milão, meu booker Eduardo que é muito estiloso, me levou na Zara e literalmente, compramos um novo guarda roupa, ele me ajudou muito, e eu fui então criando um estilo, estou sempre em evolução. Cada vez me encontrando mais, sinto isso. Hoje no meu guarda roupa, tenho peças muito especiais, únicas, algumas bem caras, mas que valeram a pena,  eu amo isso, amo criar looks, amo ficar horas pensando no que vou vestir, pode ser que o evento seja daqui um mês, eu já estou louca pensando em todos os detalhes, sempre querendo arrasar, causar boa impressão, chamar atenção, quero todo mundo me olhando de cima a baixo, também sou muito criteriosa, sempre estou observando tudo. 

*Se pudesse descrever sua personalidade baseada no que gosta de vestir, como seria?

 Bem leonina, bem metida, se não for pra causar, nem saio de casa kkkkkkk. Gosto de chamar atenção de uma forma boa, quero todo mundo olhando de cima a baixo, e eu finjo que não reparo, mas eu reparo em tudo kkk.

*Fiz essa pergunta na nossa primeira entrevista, e gostaria de saber se algo mudou;

Existe alguém em que você se inspire?

Não mudou muita coisa, apenas, que vi uma série na Amazon prime de moda, em que a Naomi é uma das juradas, e nossa, que mulher!!! Eu sou totalmente apaixonada por ela, me inspiro para ter esse jeito emponderado que ela tinha na série, e não era atuação, era ela mesmo, a mulher é muito incrível, fiquei impressionada em como ela tem um jeito forte sabe? Realmente a maior inspiração que tenho. 

*O que pode fazer uma modelo ser requisitada, além de perfil?

 Olha ao passar do tempo dentro da moda, para ser bem franca com você,  eu reparei que não e só ser esforçada, boa, magra, e enfim todas as qualidades, sinceramente você tem que ter sorte, estar no lugar certo na hora certa. Infelizmente o mundo da moda não depende só de você, e sim de gostarem o suficiente de você, da pessoa certa gostar de você. Mas a idade e altura, e tanto a personalidade ajudam muito.

Também entendi que você tem que gostar do que faz, tem modelo que fala que gosta, mas não gosta. Qualquer trabalho que te chamem, você tem que fazer direito, seja fitting, ecommerce, lookbook, campanha ou editorial.. os clientes percebem isso, você vai ser mais requisitada se fazer aquilo com gosto, com vontade. Então, independente do perfil, da altura,das medidas.. tudo roda em torno de fazer aquilo bem feito e com vontade.

Personalidade também, muda tudo, se mostrarem um vídeo de você, com pouca personalidade e de outra modelo com muita personalidade, para um cliente, ele vai geralmente escolher a com mais personalidade.

 Instagram que é hoje parte importante do nosso trabalho, tem que estar bonito, não adianta! Tenho pego vários trabalhos por causa do meu Instagram.

*Temos visto o mercado mudar(ou pelo menos tentar muito), em sua jornada até aqui, há algo que tu pense, opa, isso ta melhorando?

Ainda tem muito para acontecer, mas a moda está no caminho da inclusão social, com diversas raças e corpos com medidas diferentes, como plus sizes e curves.

*Você imagina a moda daqui um ano ou dois? Se sim, o que enxerga?

 Olha, o que eu sinceramente vejo, são várias blogueiras ricas e eu bem pobre kkkkkkkkkk brincadeiras a parte, hoje em dia além de ser modelo você tem que ser blogueira, precisa ter atenção nas redes sociais, que é algo muito importante na profissão nos dias atuais.

Eu vejo a moda com muita inclusão. Ouvimos um amém?

*E sobre você, consegue se imaginar nesse tempo?

Com certeza! Eu me vejo viajando o mundo, trabalhando muito, estudando moda, desenvolvendo meu estilo de vestimenta, pintando muito e cada vez mais me aprimorando.

O insta dela é: @gabrielledipierro


Para Lino Villaventura no SPFW n52.

Polaroid para agência.


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