Gabrielle é uma dessas pessoas que a simples lembrança nos acalanta, ela tem uma presença cativante, energia alta e uma empolgação ímpar, ela é memorável!
Em 2017 ela foi destaque aqui no DF, e há algumas semanas quando a convidei para falar novamente, o convite foi aceito de imediato; fora poder ver quanto alguém pode crescer e evoluir na carreira de modelo, para mim em especial, foi importante tentar entender como estes lidaram com o período adverso em que nos encontramos, Gabi era a pessoa certa, e seu portfólio carregados de nomes de respeito como as revistas Glamour e Vogue bem como inúmeros desfiles no SPFW, PFW entre outros trabalhos em que a modelo figura nos trazem um pouco mais para perto desta realidade, acompanhe abaixo:
Backstage SPFWn52. |
*Gabi, nossa primeira pauta foi em 2017, tu seguia como uma
das garotas em destaque, de la pra cá muitos altos e baixos e incertezas
tomaram conta dos dias de todo o mundo, como foi esse período turbulento de
Covid e como tu lidou com as novas formas de socializar, digo, dentro e fora
dos sets?
Infelizmente, surgiu esse
vírus chamado COVID, graças à Deus, eu estava no Brasil junto da minha família,
quando tudo começou. Eu tinha acabado de entrar na Mega Models em março, quando
a pandemia começou.
À princípio, eu achava que
ia durar pouco tempo e que logo ia voltar a viajar, quando me vi no Brasil, há
3 meses já, sem esperança das fronteiras abrirem e sem trabalhar no próprio
Brasil, então surtei. Eu mandava
mensagem quase todos os dias para o meu booker perguntando se eu ia voltar a
viajar, apenas para ouvir ele dizer “sim”, mesmo que eu soubesse a resposta.
Minha socialização era totalmente fora dos sets. No começo da pandemia, quando
tudo era incerto, não tinham sets, pelo menos não para mim e pela segurança da
minha família, preferi não trabalhar. Então no começo, era socializar com minha
família, meu primo Fernando que mora no meu prédio, com amigos pelo celular, afastada
de qualquer trabalho.
Até que surgiu a ideia de
fazer o shooting pelo FaceTime, e o Anderson (fotógrafo e amigo meu) me
convidou para fazer um shooting, foi a primeira vez que fiz fotos assim, ele na
casa dele, eu na minha, e tudo através de nossos celulares, logo surgiu mais
uma oportunidade, por um fotógrafo da Turquia, fizemos um editorial para uma
revista de lá e a experiência foi tão legal, que eu e o Anderson repetimos as
fotos. Esse foi o jeito de nos reinventarmos. Até que também surgiram convites,
para fazer fotos pessoalmente, como do Gabriel Bertoncel, que hoje é meu atual
namorado, acabamos não fazendo o shooting, porque pra mim ainda era um momento
incerto de encontrar com pessoas fora de casa. Então depois de um tempo, surgiu
o meu primeiro editorial, após ter ficado alguns meses em casa, fui com a
condição de todos ficarem de máscara. A pandemia começou à melhorar
tecnicamente e trabalhos começaram cada vez mais aparecerem, todos de máscaras,
menos os modelos, sempre com teste de covid em dia, tudo muito bem organizado
para nossa saúde e está sendo assim desde então.
Espero de todo coração, que
as coisas melhorem cada vez mais.
*A gente viu todo o mercado se readequar para seguir vivo
dentro do possível, quais foram as maiores dificuldades em atender clientes,
realizar trabalhos e tudo mais?
A maior dificuldade é que eu
como modelo, não posso ficar de máscara no trabalho e na grande parte deles,
muitas pessoas que deveriam portar máscara, preservando tanto minha saúde
quanto a delas, não a utilizavam.
Em uma ocasião, tive que
ouvir que tal pessoa que estava no estúdio sem máscara, tinha saído para festa
clandestina e isso deixava bem claro a falta de respeito.
*Modelos estão sempre no centro do mercado, onde tudo
acontece e lidando com todos os profissionais da cadeia, como era o clima nos
bastidores? Na agencia? Na vida dos modelos em geral?
*Pulando para os dias de hoje, a gente vê a moda tentando
dar passos mais largos, inclusive tivemos a primeira edição do SPFW presencial
em algum tempo, e tu desfilou qual era a energia que circulava no backstage?
Como tu se sentiu estando mais uma vez no evento?
A energia era de alegria,
todos estavam felizes de estarem voltando a participar presencialmente de um evento como a SPFW.
A SPFW teve o cuidado de
assegurar a saúde de todos, pedindo o comprovante de vacinação, exame médico, e
fazendo teste de COVID em todos.
*Depois que nos falamos em 2017, você ficou um tempo fora
certo? Onde esteve e o que fez?
Eu estive por muitos países
e cidades diferentes, vou falar um pouco de cada um.
Começaremos com Milão, meu voo de São Paulo para Marrocos, que era minha conexão, atrasou, então, eu e outros brasileiros perdemos o voo, foi uma oportunidade de fazer amigos e conhecer Casa Blanca por um dia. Eu até comi um caramujo, foi caramujo, foi uma bela experiência. Cheguei em Milão finalmente, no começo quando estava indo para lá pensei que fosse ficar sozinha e aí então, conheci a Bruna, Pedro, Aline e Bianca…. Entre outros amigos, fiz uma família lá. Trabalhei muito, estive quatro semanas em Verona à trabalho para a Trussardi, inclusive amei a equipe. Estive muito tempo nos ateliês da Moncler, que é um dos meus clientes fixos. Amo minhas agências, Elite de Milão e minha Mother agency, Time Models, que foram as que me acolheram em Milão.
Após três meses trabalhando, deixei a Itália e segui para a Turquia. Nossa foi doideira!!! Eu amei cada segundo lá! Foi uma viagem incrível e ao mesmo tempo terrível, conheci tantos lugares além de Istambul, fiz muitos amigos turcos e brasileiros.
Tive alguns problemas
pessoais que lidei sozinha no final da viagem, com isso engordei 11 quilos,
então ao invés de voltar para Itália, eu voltei para Brasil pois necessitava emagrecer,
para poder retornar à Itália.
Ao retornar para Milão, trabalhei muito e viajei para muitos lugares dentro da Itália, vi neve pela primeira vez na minha vida, foi muito especial, tenho lembranças incríveis dessa viagem, como andar de patinete elétrico por Milão às 2 horas da manhã com minha amiga e depois comer uma pizza maravilhosa no turco perto de casa, ou viajar para o lago Di Garda, voltar destruída no mesmo dia, de biquini por baixo de uma roupa mixuruca e ainda comer beber vinho de graça em um restaurante muito fino... que vida boaaa cara!! Hahaha.
Seguimos então para Kuala Lumpur, Malásia. Fiz alguns amigos, mas fiquei a maior parte da viagem sozinha, foi terrível, se sentir sozinha e fazer absolutamente tudo sozinha é cruel. Eu não gostei da viagem, o que salvou foi uma viagem de 5 dias em Phiphi de férias com minha comer beber vinho de graça em um restaurante muito fino... que vida boaaa cara!! Hahaha.Seguimos então para Kuala Lumpur, Malásia. Fiz alguns amigos, mas fiquei a maior parte da viagem sozinha, foi terrível, se sentir sozinha e fazer absolutamente tudo sozinha é cruel. Eu não gostei da viagem, o que salvou foi uma viagem de 5 dias em Phiphi de férias com minhaStephanie, foi a melhor viagem da minha vida.
Eu lembro de ter dançado até
minhas pernas não aguentarem mais,
roubei uma concha em um mergulho no fundo do mar, conheci uma balada que
a música tocava por um fone de ouvido e foi uma das melhores baladas da minha
vida, fiquei acordada uma noite inteira, vi o sol nascer na ilha mais linda do
mundo, foi tão especial que não sei explicar, só tenho vontade de chorar
escrevendo esse texto.
Voltei para Malásia, um mês
depois já estava mandando mensagem pro meu Booker, pedindo resgate imediato.
Fui salva depois de 2 meses,
amém! Finalmente, voltei para Itália, estava emocionada, limpava as lágrimas
com meus lindos euros.
Quando cheguei, era quase
natal, estava tudo tão lindo, uma árvore na frente da Duomo, pistas de gelo espalhadas
pela cidade, tudo enfeitado, chocolate quente, biscoitos, muita pasta e pizza,
caramba eu estava no paraíso outra vez.
Fui fazer snowboarding pela
primeira vez e me saí muito bem, mas levei vários tombos, brinquei de guerra de
neve, fiz um boneco, e tomei uma bebida quente de ovo, que era uma delícia por
sinal! Chegou a hora de voltar para a família, após um ano fora.
Voltei para o Brasil ainda no natal.
Ficou combinado que voltaria
para Milão em março… mas infelizmente a pandemia veio e isso não aconteceu. E
Estou até agora aqui,
esperando resgate imediato kkkkkkk. Brincadeirinha. No meio da pandemia voltei
a pintar, me trouxe vida, tudo o que eu precisava naquele momento de ansiedade,
e sabe eu sou boa nisso, pelo menos eu amo minhas pinturas kkkk tenho ciúmes
delas.
*Retornando ao Brasil depois desta temporada fora, vale
dizer que seu passe aumentou?
*falando de moda sob outra perspectiva, eu sei que você é
bem estilosa, seu estilo pessoal mudou de 2017 pra cá? Você é do time das
mudanças consideráveis?
Nossa, sim!! Com toda a
certeza meu estilo mudou, sou do time de mudanças consideráveis, mas agora
sinto que estou me encontrando mais, ainda me lembro da primeira vez que entrei
na Allure, camisa de oncinha e um shorts preto de couro kkkkk eu estava bem
brega coitada. logo meus bookers foram me ensinando a me vestir.
Em paris senti que tinha um
estilo muito legal, a cidade me inspirava, mas a agência de lá também ajudou
muito.
*Se pudesse descrever sua personalidade baseada no que gosta
de vestir, como seria?
*Fiz essa pergunta na nossa primeira entrevista, e gostaria
de saber se algo mudou;
Existe alguém em que você se inspire?
*O que pode fazer uma modelo ser requisitada, além de
perfil?
Também entendi que você tem que gostar do que faz, tem modelo que fala que gosta, mas não gosta. Qualquer trabalho que te chamem, você tem que fazer direito, seja fitting, ecommerce, lookbook, campanha ou editorial.. os clientes percebem isso, você vai ser mais requisitada se fazer aquilo com gosto, com vontade. Então, independente do perfil, da altura,das medidas.. tudo roda em torno de fazer aquilo bem feito e com vontade.
Personalidade também, muda tudo, se mostrarem um vídeo de você, com pouca personalidade e de outra modelo com muita personalidade, para um cliente, ele vai geralmente escolher a com mais personalidade.
Instagram que é hoje parte importante do nosso trabalho, tem que estar bonito, não adianta! Tenho pego vários trabalhos por causa do meu Instagram.
*Temos visto o mercado mudar(ou pelo menos tentar muito), em sua jornada até aqui, há algo que tu pense, opa, isso ta melhorando?
Ainda tem muito para acontecer, mas a moda está no caminho da inclusão social, com diversas raças e corpos com medidas diferentes, como plus sizes e curves.
*Você imagina a moda daqui um ano ou dois? Se sim, o que
enxerga?
Eu vejo a moda com muita
inclusão. Ouvimos um amém?
*E sobre você, consegue se imaginar nesse tempo?
Com certeza! Eu me vejo
viajando o mundo, trabalhando muito, estudando moda, desenvolvendo meu estilo
de vestimenta, pintando muito e cada vez mais me aprimorando.
O insta dela é: @gabrielledipierro
Para Lino Villaventura no SPFW n52. |
Polaroid para agência. |
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