-Há poucos dias, nós que convivemos na indústria da moda, ou, que acompanhamos os profissionais que nela atuam, fomos tomados pela triste noticia do que acabara de viver a modelo Sumé Yina(24), representada pela prestigiada agencia de modelos JOY Model, que foi vitima de agressão motivada por transfobia em trajeto em carro de aplicativo.
Diferente dos posts que costumo redigir neste blog, este será um espaço para o relato do ocorrido com a modelo, sobre a insegurança e medo que paira sobre uma das comunidades que mais sofre com violência no Brasil e mesmo em plena era de buscas por entendimentos, atos assim insistem em viver; com pesar e respeito, vamos ler o relato da modelo.
“Por dias venho
buscando entender se devia compartilhar o que aconteceu comigo e agora que
consigo mover de novo meus dedos escrevo sobre a violência brutal que eu sofri.
Me dói a carne dizer
que fui mais uma vítima de transfobia, fui espancada, tive meus ossos quebrados
e fui colocada no maior lugar de vulnerabilidade em que já vivi.
Escrevo nesse momento
pra lembrar as minhas irmãs o quanto expostas estamos - mesmo que em nenhum
momento nos esqueçamos disso - e à cisgeneridade o quanto vulnerável ainda
estamos perante a vocês.
Fui agredida por um
motorista da @voude99 após um abuso sexual, mais um dos inúmeros que já sofri,
e espancada.
Vi meu corpo jorrar
sangue por todos os lados, me senti sedada, imóvel a tamanha a violência, no
fim não sentia meus braços que já estavam inchados e quebrados por eu defender
como eu pude a minha vida.
Sofri transfobia no
hospital assim como em t-o-d-o-s os setores em que vivencio, pois essa é a
realidade das pessoas trans nesse mundo, da arte à moda, as pessoas cisgêneras
não se esforçam em serem respeitáveis e atentas conosco.
Nesses primeiros dias
pós acontecido eu só conseguia dormir, sem vontade de viver, sentimento em que
já lutamos contra em muitos momentos da vida, pois só nos meus sonhos eu me
reconfortava, já que quando eu acordava só me vinha essa situação de dor em
mente inúmeras vezes.
Fico grata e feliz de
ter amigas travestis que estão cuidando de mim e me reconfortando nesse
momento, pois no fim temos a sensação que somos unicamente compreendidas e
respeitadas por outros corpos trans.
Compartilho meu corpo
agredido porque sei que por mais que eu acredite na ressignificação de nossas
imagens, o que eu luto pra reconstruir, ainda sofremos os mesmos ataques, ainda
toda semana uma travesti é espancada até a morte no Brasil.
Eu ainda acredito em
nossa luta e em nossas conquistas, que estejamos atentas sempre que possível.”,
finalizou em relato compartilhado nas redes sociais.
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